Saúde Mental dos Professores

 



Foi de repente. De um momento para o outro, tivemos de nos adaptar e transformar nossa rotina. Mudanças no trabalho, nas relações, nos estudos, na economia, em nosso modo de vida. De fato, a pandemia de Covid-19 chegou nos demandando uma nova forma de viver, e essa abrupta mudança pode refletir diretamente também em nossa saúde mental.

Nesse processo de se reinventar, muitos profissionais estão enfrentando grandes desafios. Esse é o caso dos professores, que estão aprendendo e aplicando de modo emergencial novas metodologias de ensino que se adequem a esse cenário.

Enquanto precisam desenvolver rapidamente planejamentos para aulas a distância, entre outras demandas, os docentes, por vezes, não recebem o apoio que gostariam para desenvolverem esse trabalho no ritmo necessário.

Em paralelo, é preciso pensar nos alunos que estão do outro lado da tela. Qual é a melhor didática para o aprendizado nesse momento? Como lidar com o mosaico de personalidades e níveis de desenvolvimento tão diferentes? Como não perder o engajamento ou desmotivar os alunos? Essas e tantas outras questões têm causado impactos na saúde mental dos professores que precisam lidar com suas próprias questões emocionais, além do ambiente de trabalho.

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, os professores do Brasil relatam ansiedade durante as aulas remotas e sobrecarga de trabalho.

Pensando nisso, no artigo de hoje, apresentaremos algumas dicas de como manter a saúde mental em tempos de crise. Acompanhe a seguir.
5 dicas para manter a saúde mental em tempos difíceis: Para conseguirem manter os alunos motivados, primeiramente, os professores precisam também lidar e equilibrar suas emoções.
Fadiga, medo e ansiedade minam nossa capacidade de pensar de forma clara e criativa, gerenciar nossos relacionamentos de maneira eficaz, focar a atenção nas prioridades certas e fazer escolhas inteligentes e informadas.
Por isso, é importante buscar meios de nos mantermos firmes e fortes, com nossa saúde mental equilibrada, mesmo frente às adversidades. Conheça algumas boas práticas para auxiliar nisso.

1. Criar uma nova rotina

Para quem não estava acostumado a trabalhar em casa, criar uma rotina é o grande primeiro desafio.

Para isso, os professores podem adequar a sua agenda e estipular horários para o início e fim do trabalho, refeições, pausas, lazer e todas as atividades do seu dia, buscando um equilíbrio entre momentos profissionais e os reservados às suas realizações pessoais e de descanso.

2. Compartilhar as dificuldades

Os colegas de trabalho, provavelmente, estão enfrentando as mesmas dificuldades nesse momento. Por isso, uma boa prática é dividir as angústias e experiências, visando obter apoio emocional e aprender novas técnicas para lidar com a tensão, a angústia e a ansiedade.

Ferramentas para videoconferências, como Google Meet ou Zoom, por exemplo, podem ser utilizadas para estabelecer a proximidade nesse momento de distanciamento físico e proporcionar o contato olho no olho, tão importante para nos sentirmos ouvidos, compreendidos e para gerar empatia. Além disso, escolas e secretarias podem auxiliar os profissionais nesse aspecto promovendo treinamentos ou compartilhando conhecimentos sobre os chamados Primeiros Socorros Psicológicos (PSP), um cuidado recomendado como ação de suporte para quem precisa de apoio ou se encontra em situação de sofrimento.

Os PSCs podem ser prestados por leigos, como outros professores ou profissionais da educação. Há materiais online que podem orientar a prática.

3. Estabelecer momentos de descanso

Em casa, as horas podem parecer que estão passando mais rapidamente e, com isso, a tendência é de que as tarefas se acumulem, fazendo com que o professor acabe trabalhando até mais tarde. E isso contribui para situações de tensão, estresse e podem levar, até mesmo, ao esgotamento intenso característico da Síndrome de Burnout.

Por isso, para garantir a saúde mental, o professor deve ter momentos de descanso para fazer o que gosta, assistir a um filme, ouvir músicas, ler ou, simplesmente, não fazer nada.

4. Praticar exercícios físicos e mentais

É importante também que o professor insira em seu dia a dia a prática de exercícios físicos que, além de contribuírem de diversas maneiras para sua saúde, liberam endorfina, um dos hormônios associados à sensação de prazer e ao combatente à depressão.

Outras atividades que estimulam o cérebro, como yoga, meditação e até xadrez ou palavras cruzadas, por exemplo, também podem ajudar a relaxar e a manter a concentração e no manejo do estresse.

É possível avaliar a disponibilização desses recursos aos professores. Compartilhar listas de aplicativos úteis para esses fins, por exemplo, é um gesto simples, mas que já pode contribuir para ganhos na rotina e no equilíbrio emocional dos profissionais.

5. Buscar ajuda especializada

Lidar com a questão emocional em tempos de crise não é uma tarefa fácil, ainda mais quando há muitas pessoas que dependem de nós. Então, para garantir o equilíbrio emocional e a saúde mental, pode ser necessário buscar ajuda especializada.

É comum que em momentos como esse ativemos nosso modo de sobrevivência, por meio do qual nossa visão acaba ficando restrita à ameaça e nosso córtex pré-frontal se "desliga" progressivamente. A reatividade substitui a deliberação. A ameaça pode ajudar a mobilizar nossa atenção, mas quando se trata de resolver problemas complexos que têm diversas variáveis, como é comum na rotina do professor, precisamos de nossos recursos cognitivos mais elevados.

Por tudo isso, procurar ajuda profissional pode ser uma boa alternativa. Neste momento de pandemia, existem diversas opções de terapia e atendimento online que podem ajudar a passarmos com mais resiliência pelo que nos aflige. Secretarias e escolas podem, ainda, buscar parcerias com profissionais da comunidade para auxiliarem os professores nessa questão. As mudanças repentinas nos afetaram em todos os níveis, emocionais, econômicos, afetivos, sociais. E o que precisamos nesse momento é nos ajudar buscar auxílio para enfrentarmos esse período onde as mudanças aconteceram de uma forma muito brusca. Precisamos ter paciência, atenção, autocuidado e esperança de dias melhores e para isso precisamos cuidar da nossa saúde mental para que a física não adoeça. E saber que o tempo vai por tudo no lugar e que a calma será nossa aliada para nos mantermos positivamente bem nessa nova forma de viver.
Luciane SantosPedagoga e Terapeuta

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